Musicalização: a nova BNCC e suas implicações na prática pedagógica de professores na educação infantil no município de Irecê – Bahia.

Resumo –A expansão do olhar mais sensível quanto a educação infantil no Brasil, possibilita a valorização de novos conhecimentos neste nível escolar, assim como a inserção da importância da música no processo de aprendizagem. Segundo Araújo (2005), para lecionar ou mediar o conhecimento artístico na educação infantil, deve essencialmente compreender o conceito de infância, abrangendo o desenvolvimento infantil e as habilidades desenvolvidas durante o processo de aplicação da Arte e suas linguagens. Este artigo, por meio de estudo de caso em escolas particulares, de Educação Infantil, localizadas no município de Irecê-Ba, pretende-se compreender as implicações existentes entre a aplicação da nova Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2019) e a musicalização infantil, na prática pedagógica dos professores neste nível escolar, construindo um recorte inicial.  Esta investigação se dará por meio da análise das novas orientações destinada a Educação Infantil em conjunto com aplicação de questionários aos professores e observações das aulas destinadas à música.

Palavras-chave: Infância, Musicalização, Papel do professor.

 

Introdução

 

Esse artigo pretende trazer reflexões sobre a nova Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2019), atrelado ao conceito de infância e o papel do professor da Educação Infantil para lecionar o conhecimento artístico, especificamente o conhecimento musical.  Nessa perspectiva, buscou-se analisar os documentos oficiais, dialogando com estudiosos que orientam esta prática, além de avaliar questionários e observações aplicados aos professores deste nível.

Podemos constatar no panorama nacional, que aumenta a demanda para professores de música em escolas, atendendo as orientações da nova Base Nacional Curricular Comum para Educação Infantil. Neste contexto, observa-se a falta de profissionais qualificados para esta prática em escolas. Desta forma, quais profissionais estão trabalhando neste contexto? Como estão mediando esta aprendizagem? Como as escolas estão oferecendo o conteúdo de música obrigatório na Educação Infantil?

Segundo Araújo (2005), para lecionar ou mediar o conhecimento artístico na educação infantil, deve essencialmente compreender o conceito de infância, abrangendo o desenvolvimento infantil e as habilidades desenvolvidas durante o processo de aplicação da Arte e suas linguagens. O conceito de infância deve considerar o contexto temporal e cultural da criança, atrelado a fase de desenvolvimento e seus possíveis avanços na aprendizagem. Assim, conhecendo esta conjuntura, pode-se fortalecer sua cultura e ampliar novos horizontes culturais. As escolas estão preparadas para vivenciar com qualidade este novo momento? Quem são os profissionais que estão desenvolvendo esta aprendizagem nas escolas?

Tendo este como panorama contemporâneo, esta pesquisa caracteriza-se como estudo de caso e tem como finalidade refletir sobre a importância da musicalização infantil, compreender as implicações existentes entre a aplicação da nova Base Nacional Curricular Comum e a musicalização infantil na prática pedagógica dos professores neste nível escolar.  Para atingir este objetivo, se desenvolverá outras reflexões, como: analisar a nova base nacional curricular para a Educação Infantil; analisar como a Música está sendo pensada nos documentos dos projetos políticos pedagógico das escolas, além de identificar como a Música está sendo abordada na prática pedagógica na visão dos professores envolvidos.Na contemporaneidade, vários educadores têm apresentado estudos sobre a importância da musicalização infantil, e entre eles estão: Alves (2015), Araújo (2005), Mariano (2015), Oliveira e Fernandes (2013). Espera-se que esta investigação possa contribuir para a ampliação das discussões desta área no município de Irecê e que assim o debate acerca da musicalização infantil nas escolas possa gerar subsídios para uma prática de ensino mais eficiente e reflexivo.

 

A Base Nacional Curricular Comum e o Ensino de Música na Educação Infantil

 

A expansão do olhar mais sensível quanto a Educação Infantil no Brasil, possibilita a valorização de novos conhecimentos neste nível escolar, assim como a inserção da importância da música no processo de aprendizagem. Na sociedade atual, a música vem se tornando fundamental para o desenvolvimento cognitivo na educação. Desta forma, salientando a necessidade de inserção ao mundo musical desde cedo. A iniciação musical para criança deve ser de forma sensível e atraente, considerando a ludicidade como meio de aprendizagem nesta fase.

A nova Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2019) para a Educação Infantil amplia a carga horária destinada aos campos de experiências, que envolve a Arte e suas linguagens, tendo a música como conteúdo obrigatório desde a infância. Neste sentido, as discussões em torno da formação dos professores para aplicação deste conhecimento cresce em torno da qualificação pedagógica para a utilização de métodos adequados à primeira infância.

De acordo com Oliveira e Fernandes (2013), a música é uma linguagem artística que deve fazer parte da expressão e formação da criança de forma integral, ampliando o repertório cultural. Possibilitar esse contato é estimular e potencializar o processo cognitivo e motor ainda na infância. Sabemos, ainda, que a criança aprende por meio da brincadeira, pois é como ela vê o mundo. Desta forma, a musicalização infantil relacionada às maneiras em que a criança aprende, torna a aprendizagem mais significativa.

Musicalizar significa ampliar o mundo sonoro e desenvolver um ouvinte sensível, oportunizando criação, fruição e contextualização sonora. Durante este processo, a criança aumenta a atenção, memória, concentração, coordenação motora, socialização, afetividade, linguagem musical, dentre outras habilidades e competências. A ludicidade faz parte deste desenvolvimento ainda na infância, estimulando a imaginação e o jogo simbólico.

A concepção de infância foi se transformando ao longo do tempo e deixou de ser vista apenas como um momento passageiro do ser humano, para ser vista como um estado permanente na sociedade, onde sempre vão existir crianças influenciadas pelos aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Desta forma, perceber a sociologia da infância enquanto ciência, colabora para uma consciência mais aprofundada quanto a uma parcela da sociedade tão importante que precisa ser respeitada e ouvida em todas as especificidades.

Mariano (2015) afirma que os estudos sobre a origem da música e sua importância para as relações sociais do homem vem sendo aprofundado a partir do século XX, buscando explicações na sociologia, na biologia e na antropologia. Na década de 50, o musicólogo holandês Jaap Kunst criou-se o termo etnomusicologia que estuda principalmente antropológicas e culturais.Estes estudos ganharam status internacional, levando a publicação de livros como “The antropology of Music” de Alan P. Merriam, no ano de 1964, afirmando que a música é um meio de interação social, sendo assim, indissociável da cultura. Outros estudos trouxeram à tona a relação entre música e a linguagem, onde os elementos musicais são considerados consequência do desenvolvimento da linguagem como comunicação e meio de sobrevivência. Estas pesquisas são essenciais, pois nos mostram o desenvolvimento novos olhares sobre a importância e a função social da música.

O ato de ensinar deve estar associado aos sujeitos envolvidos, ou seja, deve ser significativo e ser adequado as pessoas envolvidas. Neste caso, a metodologia deve ser refletida buscando a readaptação da proposta e dos objetivos pretendidos. O conhecimento das diferentes metodologias e seus planejamentos possibilitam refletir sobre experiências já aplicadas, tendo assim a possibilidade de um estudo prévio sobre a prática, sendo esta flexível.

O grupo social deve ser o ponto central desta reflexão. O professor deve estar preparado para adequar de maneira correta os conhecimentos propostos, tendo caminhos variados e fundamentados para aplicar o direcionamento da aula. Há grupos mais sensíveis aos conhecimentos, em que é possível ampliar a aula, outros grupos precisam de mais tempo para adquirir esta maturidade. Segundo Penna (1995, Alcure apud 2000),

a metodologia escolhida deve responder a uma filosofia de ensino na qual o professor se identifica, e mais, se o professor tiver clareza dos objetivos e conteúdos, ou seja, ter consciência de onde deseja chegar, sua função será de …” justamente (…) sustentar uma prática pedagógica que adeque os objetivos aos limites de cada situação pedagógica concreta.”

 

É importante também levar em consideração o espaço, a quantidade de alunos, os recursos materiais e a rotina de aulas. Desta forma, compreendendo todo o processo pedagógico para atingir os objetivos esperados. E desta maneira que se pode chegar a um resultado de educação musical de qualidade e que segue a mesma linha, portanto não é diferente de uma proposta ideal de ensino.

 

A educação musical não é somente uma forma de transferir conhecimento ou gerar sensibilização artística, mas de formar indivíduos a partir de um desenvolvimento global, levando em consideração o desenvolvimento integral (cognitivas, afetivas e psicomotoras). As mediações pedagógicas das mais variadas, oportuniza e amplia sua visão de mundo, sua visão social e de si mesmo.

Os métodos ativos tem como principal característica evidenciar o aluno como agente da sua aprendizagem, desta forma, estimulando a vivência como meio de aprendizagem do conteúdo musical, seja com o corpo, o canto ou a utilização de recursos de projeção. Assim, permitindo a utilização da ludicidade para o processo de aprender e ensinar, ampliando ainda mais as possibilidades. A inovação e a invenção estão de mãos juntas neste desenvolvimento, oferecendo momentos de encontro, de curiosidade e de transformação dos envolvidos.

A concepção de criação é essencial para a base destes estudos, influenciando a apreensão dos conhecimentos específicos. Os métodos ativos proporcionam mais dinâmica para a aprendizagem, entre eles estão o método Willems, a abordagem Orff, o método Kodály, Susuki e a teoria da Aprendizagem Musical de Edwin Gordon.                Estas propostas pedagógicas seguem a mesma linha de ensino vivo, no entanto, possuem características individuais específicas de aplicação.

De acordo com Alves (2015), ométodo Williems, embasado pelo pedagogo Edgar Willems, traz como inspiração a utilização de recursos didáticos. Edgar iniciou seus com o educador musical Émile-Jacque Dalcroze, depois continuou estudando de maneira improvisada, compondo assim de forma autodidata. Foi neste momento que ele percebeu a importância de relacionar a música e a vida, dividindo em dois pólos: material (som – dimensão rítmica, melódica e harmônica) e espiritual (arte – concepção afetiva, fisiológica e mental). Esta metodologia é conhecida como uma formação humanística íntegra e é dividida em 4 quatro graus: 1º grau – iniciação musical (3 a 4 anos), 2º grau – iniciação musical (4 a 5 anos), 3º grau – pré-solfégico e pré-instrumental (5 a 6 anos) e 4º grau –  solfejo vivo (6 a 7 anos). Está organização está baseada inicialmente ao sentir a música por meio do corpo em movimento, depois com os recursos de projeção (objetos e/ou instrumentos) e em seguida o desenvolvimento da inteligência auditiva.

Segundo Alcure (2000),a abordagem Orff é fundamentada pelo músico-pedagogo Carl Orff, que também utiliza a aprendizagem cinestésica como princípio de mediação do ensino. Assim como Williems, Carl Orff também se inspirou nos estudos de Dalcroze, utilizando o corpo como fundamental para a aprendizagem musical. Nesta formação musical, o potencial criativo é a essência da aprendizagem do aluno. Baseia-se em canções folclóricas com possibilidade e constante transformação, de acordo com as experiências vividas pelos envolvidos. Sua linha de ensino não é limitada e potencializa as mais diferentes criações naturais e o improviso que a criança pode produzir. Orff considera o movimento natural do corpo dentro das canções folclóricas como meio de potencializar a educação musical. Desta forma, considerando o bater palmas, bater pés, pular, respirar, correr, cantar, dentre outros.

De acordo com Cruz (1988), o método Kodály baseia-se numa formação política cultural, por meio da valorização do canto folclórico e dos valores nacionais húngaros, fundamentado no professor Zoltan Kodály. Para ele, a música é um colaborador da formação integral do ser humano, por meio da convivência social no cotidiano. O canto, para ele, é utilizado como iniciação para a musicalização, oportunizando o convívio social em grupos de corais. Os modelos de ensino desenvolvidos por ele não permite a criação, mas a leitura musical por imitação passado pelo professor ao aluno. Os modelos são a Manossolfa que relaciona aos sinais manuais as notas musicais e o Tonic Solfa que utiliza o dó móvel empregando letras as suas funções de tonalidade.

Segundo Da Luz (2004),o método Susuki foi desenvolvido pelo instrumentista e professor Shinichi Suzuki. Tem como principal característica desenvolver as habilidades musicais por meio da concentração, da memória, da perseverança, da disciplina e da capacidade rítmica. A formação consiste inicialmente em repetição e o tocar de ouvido, estimulando a disciplina associada à responsabilidade e a memória relacionada à repetição e treinamento diário.

Segundo Mariano (2015), a teoria da Aprendizagem Musical de Edwin Gordon contribui para estas reflexões e traz como foco, a experiência como meio principal da aprendizagem musical, dando oportunidade de agir, criar, simbolizar e significar. De acordo com GORDON (2000b), “a música é única para os seres humanos e, como as outras artes, é tão básica como a linguagem para a existência e o desenvolvimento humano.” Sua teoria é embasada no termo “Audiação” que, pode ser compreendido como uma capacidade humana para ouvir e compreender música, mesmo na ausência do som físico. Esta palavra diz respeito ao pensamento musical, onde ele defende que a música tem códigos específicos inerentes à sua constituição, e ao dominá-los, o ser humano pode pensar musicalmente. Ele afirma que se audia “enquanto se escuta, relembra, executa, interpreta, cria ou compõe, improvisa, lê ou escreve música”, ou seja, a audiação é desenvolvida por meio da cultura, assim como se desenvolve o pensamento.

Este estudo traz reflexões importantes quanto a valorização da infância na sociedade, sendo considerada uma categoria permanente, além disso apresenta e relaciona pesquisas que consideram o processo de desenvolvimento humano ao desenvolvimento da linguagem e da música. A nova Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2019) traz de forma prática estes conceitos, permitindo um leque de orientações quanto ao desenvolvimento infantil interligado aos campos de experiência nesta fase escolar, relacionados também a ludicidade. Desta forma, de acordo com a Base Nacional Curricular Comum (Brasil, 2019, p. 36),

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções.

 

A comparação do desenvolvimento infantil ao processo de desenvolvimento da linguagem, inserindo também a linguagem musical como parte essencial baseado no métodos ativos, oferece uma variedade de possibilidades de experiência, ampliando a capacidade de aprender. Desta forma, utilizando das relações sociais, da ludicidade e dos recursos materiais oferecidos para a aprendizagem significativa e de qualidade.

 

Estudo de Caso

 

Os avanços no ensino musical na Educação Infantil parte da reflexão sobre qual o papel do professor neste cenário de qualidade de ensino, relacionando o conceito de infância e sua importância para a educação. O objeto de estudo deste trabalho envolve a análise da aplicação da nova Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2019) em duas instituições escolares de ensino básico da rede particular da cidade de Irecê-Ba, delimitando-se acerca de um diagnóstico inicial e exploratório de como a musicalização infantil está sendo contemplada nesta experiência.

O presente projeto de pesquisa terá como sujeitos 10 professores da Educação Infantil destas instituições. A pesquisa será de natureza empírica, com prévia revisão bibliográfica, caracterizada por estudo de caso. A coleta de dados abarcará a análise documental, o questionário[1], e as observações no campo de análise.  Essas informações serão atribuídas à triangulação, que de acordo com Yin (2010) é o critério utilizado para se fazer a interpretação dos dados com comparação de várias evidências, a fim de confrontar seus resultados.

A análise documental foi confrontada anteriormente junto a revisão bibliográfica, a fim de compreender o conceito de infância e qual o seu papel na sociedade. Nos documentos das escolas não foram encontrados itens específicos relacionados à música, a não ser conceitos atribuídos à Arte de um modo geral. Pode-se perceber uma certa preocupação com a linguagem musical, mas não possuem conhecimento para desenvolver este da forma correta. É importante salientar que este primeiro ano de implantação da nova Base Nacional Curricular Comum, é um ano de novos aprendizados e novas experiências. Desta forma, foi possível perceber também a busca por formações continuadas e profissionais nesta área de conhecimento.

Desta forma, dando continuidade à pesquisa, os questionários analisados trouxeram reflexões sobre a prática pedagógica de professores na Educação Infantil e a musicalização no município de Irecê-Ba. Foram aplicados 10 questionários, no entanto, apenas 6 foram respondidos e para facilitar o entendimento da análise e assegurar a identidade dos professores, foram enumerados de 1 à 6. O questionário foi dividido em três seções: arte e educação; formação de professor e musicalização na educação infantil.

O conceito de Arte e educação se transforma ao longo dos anos, no entanto esta relação se fortalece a medida que os conhecimentos avançam e se comprovam os resultados positivos com esta parceria. O questionário 1 apresenta o seguinte conceito de Arte e educação: “é uma maneira de expressar a criatividade através da pintura, dança, música, teatro, etc. Está ligada às emoções e a percepção das pessoas.” Neste conceito percebe-se uma limitação quanto ao conhecimento artístico, onde além de desenvolver a criatividade e a expressão dos sentimentos, a Arte na educação potencializa ainda mais o desenvolvimento integral do cidadão, estimulando o conhecimento de várias linguagens de diferentes culturas em tempo e espaço. Já no questionário 4 foi percebido uma resposta mais completa que envolve a afirmação acima, “A arte é uma forma de expressão que retrata um contexto histórico e social. A arte está ligada a educação pois revela muito de uma época, sociedade e contexto.”

A formação do professor é fator essencial na busca pela qualidade de ensino. Desta forma, é primordial que o professor seja capacitado para atuar com o nível de ensino e com os conteúdos especificamente. Nos seis questionários foi perguntado se na sua cidade possui cursos regulares de licenciatura artística, todas as respostas foram negativas. No questionário 3, a resposta ressaltou que a Universidade do Estado da Bahia (UNEB-Campus XVI) ofereceu há uns anos atrás, um curso de Licenciatura em Artes Visuais para quem era professor do serviço púbico e que estava atuando com Arte naquele momento. Não relatando com certeza o período ou quantos professores se formaram. Assim, diante destas respostas é possível perceber que os cursos de licenciatura na área artística em Irecê-Ba são escassos ou não existem.

Todos os professores que responderam os questionários são formados em Pedagogia pela UNEB com pós graduação em Educação Infantil e/ou Séries Iniciais com mais de 6 anos de experiência na área. Uma das perguntas questionou: de que forma à sua formação acadêmica contribuiu para a prática em musicalização infantil? Em todos os questionários as respostas afirmaram não contribuir ou muito pouco contribuíram, a não ser associada à uma disciplina chamada psicomotricidade, em que trabalhava a música com objetivos de movimento corporal apenas.

Em outra pergunta, a seguir, questionou: como se sente e quais os desafios em relação ao uso da linguagem musical em sala de aula? Selecionamos duas respostas, a primeira do questionário 3 e a segunda do questionário 5, respectivamente:

“Acredito que a educação infantil e a música estão completamente interligadas. O desafio é exatamente fazer as pessoas entenderem que a música não é brincadeira.”

 

“A limitação na formação e pouco conhecimento sobre a linguagem musical é o que mais dificulta.”

 

Nestas afirmações podemos elencar os principais desafios encontrados pelos professores da Educação Infantil que participaram desta pesquisa: a desvalorização e o desconhecimento das habilidades desenvolvidas pela mediação pedagógica da linguagem musical desde a infância, e a pouca ou nenhuma formação necessária por este profissionais para utilizar de forma efetiva o conhecimento musical em sala de aula.

 

A música na Educação Infantil, como já foi citado anteriormente, contribui para o desenvolvimento global da criança. Em todos os questionários percebeu-se que os professores estão preocupados com a inserção e exigência da nova Base nacional Curricular no que tange ao conhecimento musical. No entanto, estabelece que as instituições precisam contratar profissionais que garantam este ensino de qualidade com foco na linguagem musical na escola. Enquanto, aos poucos este processo vem ganhando atenção, espera-se que mais profissionais sejam capacitados e contratados para estas funções.

 

 Considerações Finais

 Para início deste trabalho levanta-se discussões e reflexões acerca danova Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2019), atrelado ao conceito de infância e o papel do professor da Educação Infantil para lecionar o conhecimento artístico, especificamente o conhecimento musical. Os resultados obtidos pelos instrumentos utilizados por esta pesquisa deixam claro que esta temática está em grande discussão no cenário nacional, diante das novas orientações.

Deixam claro, também, a necessidade de oportunizar mais formações na área artística na cidade de Irecê-Bahia, especificamente relacionando música e educação. A princípio compreende-se que é necessário um maior entendimento do que vem ser esta relação, mas é evidente que seja necessário também perceber a intensa e recente utilização deste conhecimento nas escolas e como os profissionais, neste caso o pedagogo, está sendo preparado para atuar com Arte e suas diversas linguagens na Educação Básica, já que na falta de profissionais capacitados, são eles que estão atuando na prática de sala de aula.

 

Bibliografia

 

ALVES, Cynthia Gabrielle da Silva. Materiais didáticos na educação musical: um estudo sobre as contribuições do método de Edgar Willems no ensino fundamental. Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Natal-RN, 2015.

 

ALCURE, Roberta Schneider. Uma proposta de aplicação da abordagem metodológica de Carl Orff para um grupo de crianças carentes. Trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Educação Artística Habilitação em Música ao Instituto Villa Lobos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro-RJ, 2000.

 

ARAÚJO,Ana LúciaCastilhano de. Música e Cultura Infantil: Uma breve revisão bibliográfica para educação infantil. Aprender – Cad. De Filosofia e Psic. Da Educação. Vitória da Conquista – Bahia, 2005.

 

BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo horizonte: C/ Arte, 1998.

 

______. John Dewey e o ensino da arte no Brasil. – 7ª Ed. – São

Paulo: Cortez, 2011.

 

______. Arte-Educação no Brasil: realidade hoje e expectativas futuras. Estud. av. vol.3, n.7, pp. 170-182. ISSN 0103-4014. 1989. Disponível em:.http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000300010&script=sci_arttext

Acesso em 10 de maio de 2012.

 

BRASIL. Lei 9394 – LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em 01 de julho de 2012.

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2019. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/Acesso em 01 de março de 2019.

 

CRUZ, Cristina Brito da. Zoltan Kodály: um novo conceito de formação musical e sua aplicação nas escolas húngaras.Associação Portuguesa de Educação Musical. Revista em Educação Musical. Lisboa, 1988.

 

DA LUZ, CleciCielo Guerra Guedes. Violinistas e métodos Suzuki: um estudos com egressos do centro Suzuki de Santa Maria. Dissertação de mestrado em música à Universidade federal de Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

MARIANO, Fabiana Leite Rabello.Música no berçário: formação de professores e a teoria da aprendizagem musical de Edwin Gordon. São Paulo: Universidade de São Paulo / Faculdade de Educação, 2015.

 

MEIRA,Marly Ribeiro.A educação do olhar no ensino das Artes. Porto Alegre: Mediação, 1999.

 

OLIVEIRAMaria Eliza de; FERNANDESSueli FelicioFARIALuciana Carolina Fernandes de. musicalização, o lúdico e a afetividade na educação infantil.ColloquiumHumanarum, vol. 10, n. Especial, Jul–Dez, 2013. Presidente Prudente, 2013.

 

ROSA, Nereide Schilaro Santa. SCALÉIA, Neusa Schilaro. Arte-educação para professores: teorias e práticas na visitação escolar. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2006.

 

YIN, Roberto K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

 

ANEXO

 

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE PALMAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM MUSICALIZAÇÃO INFANTIL

___________________________________________________

MUSICALIZAÇÃO: A NOVA BNCC E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE IRECÊ-BA

 

Prezado Professor(a),

 

Por favor, responda às questões de acordo à sua realidade.Esta investigação tem como proposta buscar dados para analisar e refletir sobre como a musicalização infantil está sendo contemplado na sua escola. Não é necessária a sua identificação.

 

 

1- Arte e Educação

  1. O que é Arte?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. Qual a relação entre Arte e Educação?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3.Qual a importância da Arte na Educação Infantil?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

2- Formação de Professor

1.Na sua cidade possui cursos regulares de licenciatura artística? Quais?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

  1. Qual sua formação acadêmica?

Graduação____________________________________________________________

Instituição_____________________________________________________________

Pós Graduação_________________________________________________________

Instituição ____________________________________________________________

Pós Graduação_________________________________________________________

Instituição ____________________________________________________________

Outros: _______________________________________________________________

_____________________________________________________________________

3.Há quanto tempo você leciona na Educação Infantil? Em quais escolas?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4.De que forma à sua formação acadêmica contribuiu para a prática em musicalização infantil?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Como se sente e quais os desafios em relação ao uso da linguagem musical em sala de aula?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3- Musicalizaçãona Educação Infantil

1.Qual a importância da Música na Educação Infantil?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2.Como a Música está sendo pensada no documento do projeto político pedagógico da escola em que trabalha e quantas aulas são destinadas para a linguagem artística na educação infantil?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3.Como a Música está sendo pensada na nova BNCC para Educação Infantil?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4.Quais linguagens você utiliza nas aulas destinadas à Arte?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5.Se você utiliza a linguagem musical em suas aulas, descreva como e com qual frequência.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

Por Millena Caroline Dourado Costa, Licenciada em Pedagogia pela UNEB. Licencianda em Artes Visuais pela Ação Claretiana. Especialista em Arte e Educação pela UNB e também em Musicalização Infantil pela FTP. Arte educadora na Educação Infantil e Séries Iniciais há 9 anos.

Endereço
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Telefones
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