A Música como Ferramenta Mediadora da Prática Pedagógica

INTRODUÇÃO

Este artigo busca desenvolver uma análise sobre a eficácia da utilização da música enquanto instrumento mediador do processo de aprendizagem de outras disciplinas.

A importância da música se justifica nos resultados em que se empenha sobre o desenvolvimento do ser humano, seja prático, teórico, psicológico, emocional ou motor.

Segundo Viana (2000), a música é um veículo de expressão que atinge os jovens nas práticas docentes. É possível estudar nosso cotidiano através de letras de músicas populares e habituais dos jovens, estabelecendo relações sociais e espaciais a partir delas.

Segundo Mesquita (1994):

através das letras das canções é possível desvelar todo um universo social construído através do imaginário coletivo da sociedade, que nos auxilia a melhor compreender quem somos no contexto de nossa contemporaneidade e do passado recente de que fomos partícipes. (VIANA, 2000, p. 109).

A interdisciplinaridade busca o diálogo de linguagens que comungam de um mesmo propósito, dispondo possibilidades de caminhos para se chegar a um mesmo destino. Sob esta ótica será investigado a eficácia de aplicações da música em outras disciplinas, bem como os fundamentos que norteiam a praticidade do processo de assimilação de conteúdo em uma perspectiva musical. A pesquisa será desenvolvida de forma analítica a estudos que se utilizaram da música como instrumento de ensino interdisciplinar, na intenção de evidenciar o teor da relevância que a música opera sob esta ótica.

Oliveira; Silva, et alii (2005) afirmam que a música, como um meio de comunicação, pode ser considerada um apoio pedagógico e instrumento

facilitador na superação de algumas barreiras do processo de ensino/aprendizagem, criando situações em que o aluno se sinta atraído pelas propostas do professor e o mesmo seguro para propor situações de aprendizagem sobre determinados conteúdos.

A MÚSICA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Utilizar a música como ferramenta de construção do processo de ensino/aprendizagem, é fazer bom uso de um elemento eficaz que quebra padrões massivos, e ilumina novas perspectivas de estudos mais lúdicos, saudáveis e perspicazes. Assim como o recurso audiovisual prende mais a atenção dos alunos do que o quadro negro, a música proporciona um diálogo mais íntimo e intuitivo na resolução de algumas problematizações previamente planejadas.

O ser humano, por natureza, gosta de música, e por isso quando utilizada como método de ensino, ou como suporte ao educador, pode obter bons resultados na apropriação do conteúdo. É importante ressaltar que o professor não precisa utilizar a música em todas as aulas, deve saber oportunizar os momentos. Cabe a este artigo uma explanação do tema para a conscientização de uma ferramenta acessível, contando que a partir daqui o professor saiba investir em seu interesse e aprendizado musical para aplicar tal didática em sua disciplina.

A música é uma poderosa ferramenta da prática pedagógica. A prova dessa afirmação pode ser constatada no desempenho dos alunos que participam de uma aula musical, bem como a facilidade que empenham no processo de assimilação do conteúdo.

O professor de musicalização tem como objetivo estimular o desenvolvimento do aluno seja psíquico ou motor, emocional ou comportamental, em contexto cultural ou social, ou seja, utilizará de práticas musicais no contexto do desenvolvimento.

Um professor de matemática pode cantar uma regra de fração com seus alunos, estará utilizando da música como instrumento para aplicar um conteúdo de seu conhecimento, ou seja, a finalidade é bem conhecida pelo professor, ele apenas está fazendo uso da arte musical como transporte. É claro que falamos de variados níveis de atividades em relação à música. Talvez o professor de matemática não consiga desenvolver um jogo musical mais elaborado, mas a canção da fração pode ser a porta de entrada para o reconhecimento da ferramenta que tem em mãos.

Quando busca se desenvolver aspectos do aluno com jogos musicais progressivos e atividades musicais mais elaboradas, é preciso uma formação mais adequada à prática, como o professor de matemática teve de se especializar melhor para poder ensinar fração. O professor de música utilizará muitas vezes dos números, cálculos, frações, e não porque quer ensinar matemática, mas porque a matemática também está intrínseca na música e pode ser considerada um meio para chegar a uma finalidade da musicalização. Essa troca é possível porque a interdisciplinaridade nos permite um diálogo muito rico entre os métodos e as disciplinas.

A MÚSICA NO DIA A DIA

Independente de o aluno entender de música ou não, ele terá algum grau de relação com ela, ao menos ouvindo sua playlist no celular. Ninguém pode negar os efeitos que nos causam a trilha sonora de um filme, a agitação de uma música eletrônica, a calmaria do som de um violino, etc. Descontração, ódio, amor, relaxamento, prazer, alegria, tristeza, nostalgia… São infinidades de sentimentos que uma determinada música pode aflorar, e isso faz dela um elemento primordial da nossa existência, e porque não da educação?

O músico saberá explorar a essência, a qualidade, a configuração e a engenharia da música, ampliando sua relação com os sons, o que pode duplicar os efeitos dessa arte sobre si. Poderá interpretar, compor, improvisar, executar, compreender técnicas e teorias, enfim, desfrutará de uma intimidade ainda maior.

Aquele que além do gosto e do conhecimento, tem a habilidade de ensinar, saberá estimular seus alunos a se apaixonarem pela música elevando-a muito mais do que um áudio MP3, mas uma arte que se compõe de melodia, harmonia e ritmo, que se dispõe por meio de durações, alturas, timbres e intensidades, que vai além do campo material e encanta a alma.

A MÚSICA E SUAS PLURALIDADES

Um profissional da música pode explorar suas vertentes com diferentes práticas em diferentes essências.

Professor de Musicalização utilizará da música como ferramenta pedagógica voltada para o desenvolvimento do aluno: psíquico, motor, emocional, comportamental, explora em suas aulas o som e silêncio, corpo e movimento, criatividade e improviso, jogos e brincadeiras, o pensar e o produzir. Professor de Música Prática/Teórica tem o estudo voltado à prática técnica e teórica de um instrumento. Musicoterapeuta faz da música um recurso terapêutico contando com seus estímulos diante da emoção, sensação, reflexão, etc. Musicólogo se dedica ao estudo e pesquisa científica da música.

Dentro de todas essas áreas a música é capaz de estimular, desenvolver e aprimorar aspectos da sensibilidade, criatividade, memória visual e sonora, cognição, senso rítmico, agilidade, discriminação sonora, imaginação, memória, articulação, concentração, raciocínio lógico, atenção, bem estar, autodisciplina, psicomotricidade, consciência corporal, fala, saúde, habilidades motoras, controle dos músculos, leitura, escrita, respeito, socialização, afetividade, autoconhecimento, integração e capacidade de estabelecer relações.

Tudo isso faz da música uma ferramenta mais que eficaz na educação, devido a sua pluralidade e sua capacidade de ativar e desenvolver diversos estímulos do educando.

INTERDISCIPLINARIDADE

Para utilizar a música como ferramenta pedagógica, na prática de outras disciplinas, contamos com a interdisciplinaridade.

Ribeiro em seu trabalho “Interdisciplinaridade e Música: conceito e prática” (p.01.2008) explica que existe uma confusão entre os termos interdisciplinaridade, integração e multidisciplinaridade:

“A interdisciplinaridade, na verdade, busca a construção do conhecimento através da interligação de várias outras ciências, saber de qual forma ela se concretiza, como ela se dá, suas limitações e qual será o resultado de seu auxílio na prática pedagógica…” .

A música é um fácil acesso de interligação das disciplinas, uma vez que é flexível para moldar-se em atividades acessíveis ao interesse dos alunos. Isso porque o uso de dinâmicas musicais com certo grau de descontração atrai mais facilmente a atenção. Cuidando do nível da descontração, o professor deve saber qual o resultado e a compreensão que se espera dos alunos com a atividade.

A riqueza interdisciplinar da música está na facilidade do processo, é muito simples estabelecer diálogo com outras disciplinas. E já há tempos que esse diálogo vem sendo estabelecido.

Rita de Cássia em “Interdisciplinaridade, música e educação musical” (p.31.2010) ressalta que:

Desde a Antiguidade clássica greco-romana, o conhecimento científico se baseia no preceito de que é possível compreender a realidade por meio de sua divisão em diversos campos independentes. Assim, postulava-se haver uma ciência para cada objeto específico de estudo, isto é, defendia-se a existência de uma perfeita correspondência entre uma divisão preexistente na natureza e as divisões do campo científico; haveria, então, assuntos concernentes a apenas uma parte do conhecimento humano: os fenômenos físicos seriam o objeto de estudo da física, os conceitos biológicos se refeririam estritamente à biologia, e assim por diante. A filosofia, como fundamentação do discurso e da teoria científica, expressou tal concepção em diversos momentos históricos.

Rita também comenta sobre a música na interdisciplinaridade:

No âmbito da pesquisa e docência na música, a interdisciplinaridade pode oferecer relevantes contribuições ao incluir no campo da ciência musical as contribuições das diversas áreas do conhecimento. Muitas vezes, o saber musical é considerado como pertencente estritamente a um “campo artístico” e oposto ao que se considera saber científico. Para superar o caráter “informal” ou “não científico” do conhecimento acerca da música, buscam-se referenciais em outras áreas do conhecimento, estabelecendo-a como uma área nitidamente interdisciplinar.

 

PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL I

O tipo de conteúdo das crianças é de fácil acesso por meio da música. Não é preciso ser formado em música para se aprender canções que beneficiem o aprendizado de lateralidade, partes do corpo, noções de abre-fecha, curto-longo, barulho-silêncio, alto-baixo, equilíbrio, etc.

Viviane Terezinha Galdino em seu artigo “A música como ferramenta pedagógica no processo de aprendizagem” (p.01.2014) nos apresenta:

Este artigo refere-se a uma discussão sobre a música como ferramenta pedagógica na educação pré-escolar, em específico, a forma que é utilizada no processo de aprendizagem das crianças de quatro e cinco anos de idade, e concluiu com muita clareza que considera a importância em se repensar à utilização da música na educação infantil, não só como ferramenta auxiliar em momentos de recreação, mas como ferramenta auxiliar para o desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos, já que foi possível compreender o leque de contribuições que trás, sendo utilizada em benefício do processo de ensino aprendizagem das crianças.

Existem infinidades de canções autodescritivas de comandos a serem realizados, como por exemplo: “Cabeça, ombro, joelho e pé, joelho e pé…”. Podemos utilizar de canções para aprender com mais facilidade a sequência das letras alfabéticas, sequência numeral, horário, dias da semana, meses do ano, estações, cores, planetas, entre outros. Mesmo que o professor não saiba cantar, será de fácil acesso um áudio MP3, ou vídeo. Hoje os recursos são diversos, basta que exista um interesse do educador.

Isquerdo, Borges e Irala na pesquisa “A musicalização na prática pedagógica da educação infantil” (2016) puderam também, por meio de uma investigação na Educação Infantil do Município de Glória e Dourados, concluir que:

(…) a musicalização na Educação Infantil traz pontos positivos, tanto na aprendizagem e desenvoltura da criança, como também auxiliando na prática pedagógica como forma de instrumento de transmitir o conhecimento, possibilitou a constatação que a música esta inserida no dia a dia da criança como uma forma de aprendizado, e que de acordo com grandes teóricos a mesma proporciona momentos únicos, capazes de serem a grande inspiração para a formação de sua identidade, auxiliando nos processos linguísticos, auditivos, social e cognitivo.

Podemos explorar muitas dinâmicas que dialogariam facilmente com geografia, história, física, mas quanto maior o nível de dificuldade e complexidade da atividade, melhor deverá ser a formação do profissional que se sujeita a tais práticas.

PRÁTICA PEDAGÓGICA COM MÚSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL II E ENSINO MÉDIO

Muitos fatores podem intervir em uma aula interdisciplinar com música: espaço, som alto, falta de recurso, agitação da turma, fazer com que levem a sério a atividade, exigir concentração da sala. Sem contar que os conteúdos são muito mais densos e complicados. Fica assim a encargo da criatividade do professor em driblar as dificuldades e se adaptar a sua realidade.

A música é uma poderosa ferramenta da prática pedagógica, como já dito, mas é preciso saber fazer bom uso. Qualquer um é capaz de jogar uma bola contra o chão. Uns conseguem fazer malabares e embaixadinhas. Outros usam dela para jogos diversos. Alguns usam dela para explicar física, outros para explicar história. A bola é um instrumento que pode pingar por diversas disciplinas, basta o professor saber explorá-la, utiliza-la no momento oportuno, conhecê-la, e valoriza-la. Assim também o é com a música.

Muitos profissionais se abstêm em elaborar novas práticas pedagógicas para aplicar sua disciplina. Além disso, o professor pode desacreditar no efeito da interdisciplinaridade, por isso é preciso difundir essa ferramenta pedagógica que a música se faz, e quebrar a rigidez desses compartimentos que se tornam as salas de aulas.

Sonia Albano de Lima em “Interdisciplinaridade: uma propriedade para o ensino musical” (p.06.2007) diz que:

“A interdisciplinaridade apareceu para promover a superação da super especialização e da desarticulação entre a teoria e a prática, como alternativa à disciplinaridade. Na educação ela se manifesta enquanto possibilidade de quebrar a rigidez dos compartimentos em que se encontram isoladas as disciplinas dos currículos escolares.”

 

MÚSICA E MATEMÁTICA

A relação de Música e Matemática é uma das mais antigas interdisciplinaridades. Os Gregos consideravam que a música encerrava uma aritmética oculta, e que a harmonia é uma proporção que une os princípios contrários presentes na constituição de qualquer ser.

Em uma matéria para o site Descomplicando a música nos é apresentado de forma clara a relação concreta de matemática e música:

E onde entra a matemática nessa história? Observou-se que quando uma frequência é multiplicada por 2, a nota permanece a mesma. Por exemplo, a nota Lá (440 Hz) multiplicada por 2 = 880 Hz é também uma nota Lá, só que uma oitava acima.

Se o objetivo fosse abaixar uma oitava, bastaria dividir por 2. Podemos concluir então que uma nota e sua respectiva oitava mantêm uma relação de ½.

Muito bem, antes de continuarmos, vamos voltar ao passado, para a Grécia Antiga. Naquela época, existiu um homem chamado Pitágoras que fez descobertas muito importantes para a matemática (e para a música).

Isso que acabamos de mostrar sobre oitavas ele descobriu “brincando” com uma corda esticada. Imagine uma corda esticada, presa nas suas extremidades. Quando tocamos essa corda, ela vibra (observe o desenho abaixo):

Pitágoras decidiu dividir essa corda em duas partes e tocou cada extremidade novamente. O som produzido era exatamente o mesmo, só que mais agudo (pois era a mesma nota uma oitava acima):

 

Pitágoras não parou por aí. Ele decidiu experimentar como ficaria o som se a corda fosse dividida em 3 partes:

 

Ele reparou que um novo som surgiu, diferente do anterior. Dessa vez, não era a mesma nota uma oitava acima, mas uma nota diferente, que precisava receber outro nome. Esse som, apesar de ser diferente, combinava bem com o som anterior, criando uma harmonia agradável ao ouvido, pois essas divisões até aqui mostradas possuem relações matemáticas 1/2 e 2/3 (nosso cérebro gosta de relações lógicas bem definidas).

Assim, ele continuou fazendo subdivisões e foi combinando os sons matematicamente criando escalas que, mais tarde, estimularam a criação de instrumentos musicais que pudessem reproduzir essas escalas.

Em uma matéria do governo do estado de São Paulo no site da secretaria de educação é citado um exemplo da Professora Cibele Ferreira. A Professora Cibele leciona matemática há 23 anos e teve a ideia de rechear sua aula de matemática com música: utilizou o “Cup Song” para criar uma versão que inclui conceitos matemáticos na letra.

A Professora afirma na matéria:

A atividade ajudou a desenvolver o raciocínio lógico, a coordenação motora e o equilíbrio. Consegui atingir alunos que não tinham interesse na matéria e que não faziam todas as atividades.

 

A música aproxima as pessoas, é acessível e prática.

No artigo “A matemática e a música: a interdisciplinaridade e a relação lógico-musical” (p.01), os autores Abinoan dos Santos e Mayara Ribeiro nos lembram:

Os pitagóricos realizaram o estudo do monocórdio (mono = um; córdio = corda) e observaram relações entre o som emitido e a pressão aplicada na corda do instrumento. Variando a posição do cavalete móvel, onde a corda se apoia, obtemos a fração equivalente à parte da corda selecionada. Os pitagóricos combinando estas frações construíram a escala musical que usamos.

Este mesmo artigo apresenta uma aplicação prática na utilização da música no ensino da matemática da qual o professor muito se satisfez com o resultado.

O Professor de Matemática Alex Cunha em seu artigo: “Uma proposta didática interdisciplinar para o ensino de matemática envolvendo música” (p.30.2015) afirma:

O estudo da música ajuda o aluno a ampliar o raciocínio abstrato, essencial para o aprendizado da matemática e das ciências. A essa virtude pode-se acrescentar o ensino de instrumentos musicais que também contribui para a formação de indivíduos autônomos. (…)

No estudo da matemática nos deparamos com alguns tópicos que podemos visualizar uma aplicação prática e para nossa felicidade existem muitos deles. Isto reforça ainda mais nosso interesse, pois afinal aquilo que é produto exclusivo da inteligência do homem, a matemática, encontra um modelo prático que represente o que era produto da inteligência, da imaginação.

 MÚSICA E HISTÓRIA

A música tem uma trajetória e percorreu muitas gerações, civilizações e culturas. Isso nos possibilita até a compreensão do porquê conseguimos relacionar uma música clássica aos reinos e cortes, relacionar um som mais exótico aos orientais ou um som pesado de rock moderno ligado à juventude. Mesmo que não seja uma análise precisa, qualquer um pode estabelecer uma relação do que ouve com algum momento da história. Tudo isso porque a música faz parte da história, está intrínseca. Ela também é história.

José Geraldo Vinci de Moraes em História e música: canção popular e conhecimento histórico (p.03.2000) esclarece que:

(…)a canção é uma expressão artística que contém um forte poder de comunicação, principalmente quando se difunde pelo universo urbano, alcançando ampla dimensão da realidade sócia (…). Ou seja, a canção e a música popular poderiam ser encaradas como uma rica fonte para compreender certas realidades da cultura popular e desvendar a história de setores da sociedade pouco lembrados pela historiografia.

 

Além do contexto histórico, podemos utilizar da música para potencializar as explicações de conteúdo como fundo musical. Pedir para os alunos escreverem paródias no estilo da época estudada especificando no conteúdo da letra. Cantar canções do contexto histórico que está sendo estudado. Dentre várias outras possibilidades.

 

MÚSICA E PORTUGUÊS

Além da matemática, a disciplina de português é uma das disciplinas de mais fácil acesso por meio da música.

Declamar canções, ritmar poesias, explorar as onomatopeias, a relação de sílaba e ritmo, letra e nota, acorde e palavra, sons, pronúncias, sotaques, silabas tônicas, fonemas, fonética, etc. O professor criativo e disposto terá em suas mãos uma ferramenta pedagógica mais eficaz do que muitos métodos massivos e improdutivos.

Marcia Jambiski em seu trabalho “Incentivo a Leitura e escrita através da música” (2014) propôs atividades com música para incentivo a leitura e escrita, apresentando estratégias pudesse possibilitar um estímulo para o encanto que a leitura pode proporcionar de forma dinâmica e divertida. O projeto foi aplicado com alunos do nono ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Shirlene de Souza Rocha. Sua metodologia foi organizada da seguinte forma:

– Seleção de músicas que contagiem os educandos pelo ritmo e pela sonoridade da letra;

– Ilustrações sobre algumas músicas;

– Conversa sobre as músicas ouvidas ao longo das atividades, perguntando aos educandos quais são as preferidas;

– Atividades recreativas com intuito de reflexão promovendo diálogos abordando a importância da música em nossas vidas.

 

Marcia é Professora de Português e desenvolve uma série de atividades musicais em sua proposta, com o objetivo claro e concreto, soube explorar a música como recurso pedagógico de maneira muito criativa.

A criatividade é um elemento crucial para o desenvolvimento de uma boa aula interdisciplinar com música. O professor precisa estar atento as necessidades e características dos seus alunos, deve ser sensível e curioso quanto aos recursos disponíveis, deve potencializar as ferramentas para frutificar sua prática pedagógica.

MÚSICA E GEOGRAFIA

A Geografia é uma disciplina que estabelece um maior nível de dificuldade em dialogar com a música, e poucos estudos se referem ao tema. Mesmo assim, cito uma colocação feita por Daniel de Castro no trabalho “Geografia e Música: a dupla face de uma relação” (p.18.2009), do qual instiga a possibilidade do trabalho e o empenho que se deve ter em elaborar mais pesquisas na área:

Sobre geografia e música, ainda há muitos caminhos a serem explorados e muitas questões a serem levantadas. Por exemplo, sobre as possibilidades de se abordar a música, não a partir das letras de canções, do mapeamento de áreas musicais, da indústria fonográfica, etc., mas sim do elemento fundamental da qual a música se compõe: o som. Seria possível uma abordagem que busque interpretar a geograficidade da música através da sua estrutura melódica, harmônica ou rítmica, por exemplo? Que conceitos seriam mais adequados para se lidar com uma linguagem sonora? Quais os limites que esta linguagem impõe ao intérprete? Qual metodologia seria mais apropriada? Estas, entre outras, são perguntas ainda carentes, não de respostas prontas, pois diversas respostas, muitas vezes conflitantes, surgem no interior de um debate científico, mas principalmente de atenção por parte dos geógrafos.

 

Renágila Soares da Silva também desenvolve um trabalho sobre o tema em “A importância da música nas aulas de geografia” (p.21. 2015):

O auxilio dessa ferramenta quando utilizada de maneira adequada trás grandes êxitos para o processo de ensino e aprendizagem do aluno e realização profissional ao professor. O aluno passa a assimilar e entender o conteúdo de forma mais rápida e eficiente além de enriquecer o método como o professor ensina geografia nas suas aulas desta forma haverá um desenvolvimento cognitivo de ambas as partes formadoras do processo de ensino e aprendizagem. Mesmo sendo um método novo, trabalhar a geografia através da música é apenas mais uma das diversas ferramentas que poderão e deverão ser implantadas e utilizadas dentro do processo educacional.

 

O Professor Hélio Schroeder desenvolveu um projeto intitulado “A música como linguagem no ensino do espaço geográfico urbano” (p.35.2009)  e ficou muito satisfeito com o resultado de seu trabalho:

Realmente ficou claro no transcorrer do projeto A música como linguagem de ensino de Geografia, que a música é um excelente instrumento de ensino, pois desperta no aluno o senso crítico, motiva e leva o educando a raciocinar geograficamente sobre os assuntos a serem estudados. No caso do projeto a música como linguagem de ensino de geografia o tema abordado foi o espaço urbano da cidade de Guarapuava, e a vila primavera em foco.

Os alunos analisaram a letra do Rap e em seguida fizeram comparações entre a realidade apresentada na música e a realidade da vila Primavera, bairro onde moram e a cidade de Guarapuava. Nessas análises os alunos descobriram que embora estivessem muito distante do local que a música se referia, no local onde vivem, na vila

Primavera, em Guarapuava, muitas coisas eram semelhante, como: Inundações; Esgoto a céu aberto; Falta de infra estrutura urbana; pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, com mais tarde vai ficar provado em fotos e filmes. Subemprego, enfim a distância física entre os locais não reflete a distância entre as realidades sociais das pessoas.

CONCLUSÃO

Poderíamos citar ainda diversas outras disciplinas que podem dialogar com a música, como a física e a química, por exemplo, mas na intenção de não estender tanto o assunto e instigar a reflexão, espera-se a compreensão de que a música é uma valiosa ferramenta mediadora da prática pedagógica. Esse artigo busca a conscientização do uso da música como ferramenta mediadora da prática pedagógica, bem como, estimular o professor, independente de sua disciplina, a usar de sua criatividade para potencializar sua aula com alguns recursos musicais.

A música não é de uso restrito aos músicos, é um instrumento acessível a todos. É claro que existem vários níveis de atividades e complexidades, mas o simples interesse é um catalisador para que o profissional se capacite e explore cada vez mais os recursos e as práticas.

REFERÊNCIAS

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ISQUERDO, Roberta Aparecida Manfré – BORGES, Elizabete Velter – IRALA, Clovis. A musicalização na prática pedagógica da educação infantil. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 .

 

  • Pedro Felipe é Educador Musical formado pela Universidade Metodista de Piracicaba, Pós Graduado em Musicalização Infantil, Violinista e Compositor com média de 160 obras autorais. Iniciou seus estudos musicas aos 7 anos cantando no “Coral Pequenas Vozes”, estudou Violino por cinco anos no projeto GURI, e um ano no conservatório de São José do Rio Pardo, filial de Tatuí . Trabalhou como Educador no Colégio Salesiano Dom Bosco por 4 anos e um ano na Escola Tutores. Escreve Poesias, tendo 14 obras publicadas em diversas Coletâneas. Atualmente atua tocando em Cerimônias e Eventos, lecionando aulas particulares e desenvolvendo o projeto Musicação.
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