A música além de ser uma expressão artística, pode ser utilizada como um recurso pedagógico que estimula o desenvolvimento intelectual, habilidades motoras e a linguagem em crianças em idade pré-escolar, através do fortalecimento de processos cognitivos como a memória, atenção, percepção e motivação. Este artigo apresenta diferentes perspectivas teórico-metodológicas, como a música pode ser um recurso para o desenvolvimento de habilidades em crianças; além disso, exibe o efeito que tem a expressão musical na idade pré-escolar, mostrando que este é um recurso para a geração de espaços significantes de aprendizagem, contribuindo para a formação integral em cada um dos estágios do desenvolvimento das crianças. A metodologia para a realização do trabalho é a pesquisa teórico-bibliográfica, descritiva, baseada na pesquisa em livros, artigos, revistas, observações e análises sobre o tema abordado.
INTRODUÇÃO
A música faz parte do cotidiano da vida das pessoas. Em muitas sociedades a música está intimamente inserida em vários aspectos de diferentes culturas no mundo. “A música é linguagem universal, mas com muitos dialetos, que variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de organizar os sons e de definir as notas básicas e seus intervalos. ” (JEANDOT, 1997 p. 32).
Os primeiros cinco anos de vida de uma criança representam um período importante em para o futuro do indivíduo, já que ali se estabelece essa relação especial entre pais e filhos no chamado “apego”. A música pode contribuir e fortalecer este vínculo e conseguir que se converta em uma relação sadia e operativa. Em todo do mundo quando os pais falam a seus filhos pequenos, ajustam suas vozes para serem mais suaves, mais rítmicas, mais musicais.
De acordo com Nogueira (2003), a música pode ser um veículo para o desenvolvimento integral da criança, que compõe as áreas cognitiva, social, emocional, afetiva, motora de linguagem, assim como da capacidade da leitura e da escrita. Esta é a atividade humana mais global, mais harmoniosa, aquela em que o ser humano é, ao mesmo tempo, material, espiritual, dinâmico, sensorial, afetivo, mental e idealista. Aquela que está em harmonia com as forças vitais que animam os reinos da natureza, assim como todo o universo humano.
É possível considerar que a música é elementar no desenvolvimento da criança já que esta pode ajudar a ter disciplina, entrega e dedicação escolar entre outros. Ademais, criando paixão pela educação. Também pode ser ótima no desenvolvimento da motricidade infantil. Por esta razão que se deveria adotar com melhores políticas públicas educativas para esse tipo de arte nas escolas brasileiras.
A música deve ser utilizada como uma harmonia metodológica na educação para melhorar os resultados da aprendizagem. Pois o uso desta pode ser essencial como uma ferramenta muito útil e definitivamente efetiva para o desenvolvimento de cada aspecto cognitivo desde muito cedo nas crianças. Assim, ao utilizar a música com as crianças, estas aprendem e também se divertem, de maneira satisfatória a estimular seus sentidos. Desenvolve ainda a motivação e ajuda para o desenvolvimento de capacidades e competências integrais.
A MÚSICA, O BRINCAR E O APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo Granja (2006), as primeiras manifestações comunicativas de ser humanos foram através do som, e é através desta fonte que uma criança começa a comunicar-se na vida. Quem não recorda aquelas canções que aprendeu na escola ou nas rodas de amigos? Melodias que se grudam na mente e perduram nela apesar da passagem dos anos, sem darmos conta.
A musicalidade pode ser considerada como um dos meios mais eficazes para integrar em nosso cérebro dados que hão de perdurar na memória por muito tempo. Dessa forma, encontraremos canções tradicionais de toda a vida, que se iniciam com um zumbido, que todos somos capazes de seguir. Canções que viajam por distintas gerações, de boca em boca, sem necessidade de publicidade nem reprodutores. Dessa forma, são muitos os elementos de caráter prático que promove a música no desenvolvimento incondicional da criança. Justamente por isso que é respeitável integrá-las nas aulas da Educação Infantil como meio de desenvolvimento das crianças.
A música está sendo introduzida na educação escolar valorizando fatores que nos levam a refletir sobre a importância que representa no seu desenvolvimento intelectual (cognitivo), afetivo, lúdico e motor na busca da formação integral. Conforme diz Bernal (2000), o cântico é um elemento-chave para esta primeira etapa do sistema de ensino. Na idade pré-escolar a criatividade e as habilidades artísticas e expressivas são uma plenitude. Longe das regras e orientações do quadro social, as crianças têm a oportunidade de “brincar” com a sua voz, com o seu corpo e com instrumentos musicais, despreocupada e espontânea forma, dar asas livres para as emoções e a imaginação.
Desde os primeiros anos de vida, as crianças passam por fases diferentes das quais já possuem a capacidade de operar não apenas com objetos concretos e tangíveis, mas também com as linguagens simbólicas: música, discurso, desenho, etc.
A música é, portanto, para ser transformada em uma nova especialidade através do qual pode saber expressar-se e aprender brincando.
A música e o brincar, podem apresentar pontos em comum, e um deles é a de que eles são fundamentais para o desenvolvimento da criança, o objetivo fundamental da educação; por isso, se os dois são tão enriquecedores porque não trabalhar em conjunto com prática que promovam esse desenvolvimento.
Munhoz (2003) define as interações advindas da musicalidade como ações que centram-se em qualquer um dos aspectos específicos da música. E, ao mesmo tempo, indicando a possibilidade de que qualquer atividade divertida e musical que leva em conta a existência de normas ou regras para o seu desenvolvimento, pode ser considerado como um jogo musical e os jogos podem ser convertidos em ensinamento, se definirem objetivos a serem alcançados, e a sua relação com os objetivos da educação musical enfatizando as relações e integralização entre a música o brincar e o aprender.
Este mesmo autor (ibid. 2003, p. 58-59) classifica os jogos de música em resposta a vários critérios, tais como os blocos de conteúdo sobre o qual desenvolve educação musical. A saber: “jogos de áudio percepção; jogos de expressão vocal; instrumental; jogos de expressão; jogos de expressão do movimento; jogos da linguagem musical; jogos da cultura musical” (MUNHOZ, 2003, p. 43)
Em todas as atividades relacionadas com a música, o brincar assume um papel importante, pois permite ao aluno aprender com maior motivação, segurança e desfrutar da música e de seus valores artísticos, através de atividades musicais e desenvolvem o ato de se comunicar uns com os outros. A recreação ou o jogo se torna um mediador ou intermediário entre a criança e o mundo dos sons e do movimento.
Segundo Bernal (2000), o brincar preside todas as atividades para crianças e pode ser acompanhado de cânticos simples e até o mesmo papel que desempenha. Quando as crianças brincam em um ambiente até mesmo silencioso, muitas vezes cantam as palavras e as melodias; outras vezes expressão essa musicalidade de forma mais rítmica, acompanhada por ações e desta forma estão criando ritmo, melodia, voz, movimento. Estas ações são em forma de se expressar inconsciente, que vai ajudar estas crianças na linguagem e comunicação. Em outros momentos, estes exercícios inconscientes ajudam-nas a aprender cantar. Ou seja, a musicalidade na criança, que começa a mostrar-se uma forma natural, pode ser considerada como o início da criatividade musical da criança.
Para além de ensinar músicas, jogos e ritmos, Bernal (2000) fala ainda, da necessidade de diagnosticar as condições adequadas para transmitir os entendimentos; promover a aquisição de competências, possuir um repertório musical adequado e preparando a base de alguns critérios pedagógicos que favorecem o desenvolvimento dos seus potenciais musicais, ao lado do crescimento cognitivo e emocional. Além disso, as atividades musicais devem gerar um clima de confiança, segurança e espontaneidade, que podem ser transferidos para todos os campos da aprendizagem.
As atividades musicais na educação infantil não devem perder em nenhum momento o seu caráter lúdico, reivindicando o valor das brincadeiras tradicionais e observando como agente responsável pela sua recuperação para a escola.
Nesse sentido, como enfatiza Bernal (2000), a recreação é o lugar onde surgem espontaneamente jogos tradicionais, mantendo assim a cultura infantil e desenvolver formas de interação social ao mesmo tempo a desfrutar das brincadeiras em si, da imaginação. No pátio, as crianças estão mais independentes, ao contrário da sala de aula, nestes locais eles são aqueles que escolhem o que jogar e com quem.
A MUSICALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL INTEGRADA AO CURRÍCULO
O contato da criança com os sons é imprescindível para o seu desenvolvimento como ser social, acréscimo cognitivo e o aprendizado como um todo. A música, de fato, estabelece suporte educativo entre vários significados de seus experimentos em sociedade com aprendizados vindouros.
Loureiro (2003), baseando-se em uma investigação da International Society for Music Education, põe em evidência que a música não é um aspecto sobre o qual se priorize em pesquisas no âmbito educativo, considerando-se outros deles (psicológico, motor, etc.) como fase do desenvolvimento da criança, obviando-se que para a criança se desenvolva de maneira integral, também tem que haver uma educação e um aprendizado no âmbito musical, já que este por sua vez proporciona que a criança vai desenvolvendo outros tipos de conhecimentos (social, lógico, matemático, cognitivo). Dessa forma:
Dentro da área de comunicação e representação aparece a expressão musical aonde se educa, entre outros, que a expressão musical é um instrumento de apropriação cultural que possibilita e goza da atividade musical para que fomente a capacidade de expressão infantil. Em seus princípios metodológicos, ademais, se recorre a importância de aprendizagens significativas, na qual se estabeleçam relações entre suas experiências prévias e os novos aprendizados. O princípio da globalização supõe que a aprendizagem é o produto do estabelecimento de múltiplas conexões, de relações entre o novo e o aprendido (LOUREIRO, 2003, p. 32).
Diante disso, Gomes (2011) ressalta que a expressão musical deve estar a serviço da comunicação, quer dizer, se trabalha esta área de uma maneira mais ampla, incluindo todos os meios que a criança dispõe para comunicar-se. Por isso se deve oferecer ao alunado uma diversidade de experiências sonoras, para desenvolver a sensibilidade e favorecer sua capacidade de discriminação e sua memória auditiva. Sendo assim, destaca-se a importância da experimentação e utilização e seu próprio corpo, como meio de expressão e compreensão de sentimentos e emoções.
Por outro lado, seria necessário destacar que hoje em dia a Educação Infantil que utilizam de forma satisfatória a música está disponível de forma bastante limitada aos livros de textos, devido ao que, por um lado, os professores em sua maioria tiveram uma formação ineficiente com as relações entre a didática bem com os conhecimentos específicos sobre a música durante o seu período de graduação, e, por outro lado, porque alguns deles consideram que é melhor empenhar em recursos prontos que já lhes vêm dados pelas editoras de livros didáticos. Que na maioria centram o trabalho da música na aula mais no contexto da motricidade, voltados para a expressão corporal, e assim a maioria dos professores desenvolvem práticas onde a música se se limita trabalhar ao ensino de conteúdo, mas que as integram mais como uma atividade mais física, em relação à motricidade, e acabam distanciando-se das potencialidades diversas em que a musicalidade pode contribuir.
As escolas atuais, também, contam com poucos recursos para que seja trabalhada a música, e, além disso, cabe ressaltar que os centros dos quais trabalham com as editoras da rede pública, o dinheiro que lhes dão somente são destinados em direção a outros temas educacionais, dando à música um lugar menos importante na formação cognitiva e intelectual do aluno.
Apesar da realidade socioeconômica, uma grande parte das crianças tem acesso as tecnologias de informação como: televisão, desenhos animados, musicais infantis, filmes, computador e até mesmo a internet, levam essas crianças de alguma forma a terem contato com a musicalidade além dos livros. Na maioria das situações propostas na Educação Infantil o uso da tv e do Vídeo direciona de forma superficial ou mesmo como a submissão das crianças a meros expectadores (uso errado na sala do DVD).
O panorama da música atual se caracteriza por um “forte impacto tecnológico” (PALÁCIOS, 2011, p. 45). Está muito presente o uso de música gravada através de CD, esquecendo-se da música ao vivo, das atividades cantadas em sala de aula, tendo a escola que atender e fomentar este aspecto, potenciando o uso da voz e do corpo. Não obstante, isto não quer dizer que se deve abandonar o uso das novas tecnologias em sala de aula, muito pelo contrário, porém se pode e deve haver um uso mediado, empenhando-se também em elementos gravados, mas também fazendo uso dos sons do entorno e do meio com os quais pode-se contar. Desse meio se oferece ao aluno multiplicidade de informação sobre o mundo que o rodeia e lhe confere conhecimentos sobre este mundo. Destarte, são inumeráveis os aspectos positivos que nos oferecem as novas tecnologias, já que nos permitem ascender umas grandes variedades de registros e variedade musical. Sendo assim, aparece a expressão musical, como um instrumento típico da cultura que participa no gozo da atividade musical, construindo a capacidade de expressão do indivíduo.
Uma das razoes pelas causas da música não se integrar nas aulas da Educação Infantil, é porque os docentes desconhecem a importância que esta tem neste período educativo e no começo da aprendizagem das crianças. Devido a isto e sua falta de formação sobre a temática não implementam este recurso em suas aulas, não realizando, por conseguinte, uma educação globalizada.
Segundo um estudo realizado por Granja (2006), com os professores de Educação Infantil no Brasil, comprovou-se que 93% dos entrevistados careciam de estudos de música e 77% disseram ter alguma experiência musical, chegando à conclusão que a única experiência com a música que haviam mantido com os docentes havia sido nas escolas universitárias. Podemos ir mais além e deduzir que uma vez que quando se afastam das salas de aulas não voltam a interessar-se pela música e nem aprender sobre este campo na qual prestam grandes serviços educacionais. Porém, o papel do professor é conhecer suas forças e debilidades e tentar sacar-lhe o máximo partido destas, e procurar resolver aquelas nas quais tenham mais dificuldades ou problemas.
É por isso que não é suficiente a importância que se dá á música no plano superior da educação e, ainda de acordo com Granja (2006), os novos planos de estudos são diminuídos consideravelmente os créditos que nos pode levar a pensar que este conteúdo segue sem ser entendido no curriculum como um plano fundamental no desenvolvimento da criança, e que, por conseguinte, não ocupa um papel indispensável na formação dos profissionais que queiram implantá-la; o fato de que diminuindo os créditos que se dedicavam à música para a formação do docente põe em alívio tudo isto.
Granja (2006) confirma ainda que enquanto a metodologia empregada pelos docentes em uma aula, seguindo a linha geral de algumas poucas ocasiões onde contam alguns casos com alguns recursos, posto que contem gravações, áudios, atividades para realizar aulas de psicomotricidade, canções e etc., mas por parte do professor não se levam a cabo nem na metade destas aulas, por várias razões das comentadas anteriormente, valendo assim destacar os aspectos abaixo:
Sendo assim, é importante ressaltar que é notável a deficitária formação dos professores sobre este campo nas escolas, e sua utilização nas aulas estão limitadas a algumas poucas canções em determinados momentos, embora também há que enfatizar que a utilização da canção na educação infantil é um dos primeiros passos de abordagem da criança em direção à música.
Por todo o comentado, dever-se-ia dar uma maior importância à música na sala de aulas, ela ajuda a desenvolver múltiplos aspectos positivos na criança, tais como: a psicomotricidade, as relações sociais, autonomia, o conhecimento de si mesmo, conhecimento do meio em que a rodeia, relações interpessoais, noções de tempo, percepção auditiva, interiorização do pulso, acento e ritmos, ainda se podem trabalhar normas, relaxamento, entres outros aspectos de fundamentais para o bom desenvolvimento cognitivo das crianças.
OS AMBIENTES DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Esta perspectiva da expressão artística música, que apresenta a Gainza (1988) suscita a necessidade de gerar novos ambientes de aprendizagem para a formação da integralidade de crianças em idade pré-escolar, o que permite uma educação pluridimensional, que enriquece com diferentes recursos e variedade de materiais as práticas de ensino articuladas com as novas gerações.
Os ambientes de aprendizagem que são definidos por Snyders (1992) como um cenário onde coexistem condições que garantam os processos de aprendizagem, materiais básicos, currículo, relações interpessoais, troca de experiências, infraestruturas e requisitos gerais para implementar a proposta educativa.
Para este propósito deve-se ter tarefas específicas que permitem a consolidação desses ambientes:
Organização do espaço: contempla as instalações físicas com cores neutras nas paredes, bem como um espaço para favorecer o diálogo e para evitar conflitos decorrentes da superlotação. Arranjo e acomodação dos materiais: consiste em selecionar e coletar os itens ou materiais que serão necessárias, organizá-los de forma que além de permitir o fácil acesso e utilização por crianças, promovem o interesse e incentivam hábitos de ordem. Dinâmica do ambiente de aprendizagem, permitindo formas de participação e modalidades de interação: chamado de “artefatos culturais”, referindo-se ao contexto, o uso da linguagem, apoio pedagógico, materiais, tempo e lugar em que operam as atividades, que pode ser variada e combinada de várias maneiras para estabelecer o grau de participação no espaço educacional (SNYDERS, 1992, p. 78-79).
Da mesma forma, Rosa (1990) considera que os ambientes de aprendizagem podem ser projetados com o propósito de contribuir de forma significativa no desenvolvimento integral das crianças, denominando-os espaços educativos significativos, que permitem, simultaneamente, a aprendizagem e o desenvolvimento humano, além de promover o desempenho de crianças e autonomia nos seus processos de aprendizagem, onde os problemas são resolvidos por seus próprios meios, com o apoio das pessoas que as rodeiam, fazendo as suas próprias decisões, formando-se através dos erros ou falhas, a fim de alcançar soluções em outros contextos ou situações.
Estes ambientes, de acordo com Gainza (1988), não deveriam ter esquemas em termos de idade, pelo contrário, deve permitir o encontro entre os bebês, lactentes, crianças mais velhas e adultos, o que pode desenvolver novas competências através de processos de reorganização e transformação permanente; portanto, um espaço educativo é definido como “significativo”, quando a atmosfera deste gera desafios para a aprendizagem, permitindo várias experiências para aqueles que o frequentam, facilitando a construção de novas ideias e interação com o conhecimento, porque é a criança que decide o que quer aprender e quando fazê-lo.
Neste sentido, dentro de um espaço significativo para a aprendizagem, a criança consegue se adaptar rapidamente ao ambiente, gerando novas formas de interagir com os adultos, bem como com outras crianças, situações ou objetos em seu ambiente; outra consideração é que a experiência da criança é enriquecida pelo grupo cultural a que pertence, já que ao interagir com o outro, seja adulto, criança e até mesmo objetos no contexto, constrói sua identidade e traços característicos de sua personalidade, além de ser o lugar onde eles tecem seus primeiros laços sociais e desenvolvem suas competências.
DESENVOLVIMENTO MUSICAL E ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA SUA APRENDIZAGEM
A educação artística poderia projetar como a geração de espaços de aprendizagem significativa, por meio do som, ritmo e interpretação musical é possível melhorar os processos de aprendizagem dos indivíduos (Bréscia, 2003). Além de a música ser considerada como uma linguagem que possa expressar sentimentos, humores, e configurar ambientes, podem ser atribuídas diversas qualidades: bonita, serena, emocionante, engraçada, tensa, satírica, inquisitiva, elegante, de mal gosto, sugestivas, sensual, misteriosa, imponente; que ao encontro com a imaginação criativa de crianças podem fornecer-lhes recursos para ajudá-las a começar na resolução de problemas e tecer relações com ela mesmo, o ambiente e os outros.
Weigel (1988) argumenta, frente ao impacto da música, que o seu papel é muito importante na educação geral, uma vez que responde a vários desejos do homem, referindo-se a seus benefícios a partir do ritmo em áreas próprias da música ou da vida afetiva. No que diz respeito à educação musical na infância, este autor argumenta que esta ao ocupar-se, de certa maneira, dos ritmos do ser humano, favorece e promove a liberdade de movimentos musculares e nervosos da criança, contribuindo para a superação de dificuldades e harmonizar as funções do corpo em conjunto com seus pensamentos.
A expressão musical nos primeiros anos do desenvolvimento humano concentra-se nos elementos do ritmo mais do que em temas melódicos (GAINZA, 1988), graças aos impulsos naturais como, por exemplo, mover, manipular, tocar, observar, entre outros, permite dar a criança respostas ante os sons que vão convertendo-se em meios de expressão, uma vez que o ritmo desenvolve o controle motor básico do sistema sensório motor e coordenação sensória motora.
Como garante Weigel (1988), a criança de dois anos de idade prefere o ritmo, porque seu sistema motor a ajuda a responder de várias formas aos estímulos de sonoros, as palmas, as batidas com os pés no chão, ao balançar a cabeça, manipula os elementos sonoros com grande interesse e formas variadas, acompanha a sua maneira diferentes melodias ou peças musicais no ambiente, tudo dentro de um conjunto de manifestações de bem-estar. Já na idade de três anos, mostra a capacidade de diferenciar os sons, ruídos e identificar de onde vem os sons, a música é um meio para a realização de jogos, interpreta músicas com frases completas que tem retido e pode evocar a qualquer momento. Durante os três e quatro anos, seu controle motor dos membros inferiores, permitem-lhe correr, pular, fazer cambalhota, etc., levando-a a executar em conjunto exercícios rítmicos através da imitação, tendo maior exaltação e vinculação pelas músicas com sons onomatopaicos[1]; aos quatro anos de idade, suas músicas são cantadas e acompanhadas por maior precisão de movimentos, incluindo gestos e mímicas, iniciada a canção dramatizada; por volta dos cinco anos, há uma grande evolução em seu desenvolvimento musical sob o controle do ritmo do corpo, gestão de repertório; finalmente, aos seis anos de idade, a sua capacidade para a prática da sua voz vai se expandido e sincroniza o ritmo do corpo com o que ela ouve.
Em termos gerais, esta compreensão da interação da criança com a música dá a possibilidade de estender o olhar frente aos diferentes processos de desenvolvimento que se relacionam com a sensibilidade, a percepção e a expressão musical em crianças em idade pré-escolar, pois a estimulação através da prática musical favorece positivamente os aspectos psicológicos, físicos e intelectuais.
Neste sentido, estas estratégias educacionais voltadas para o desenvolvimento da criatividade e imaginação, podem compor possibilidades metodológicas acertadas para alcançar a ação educativa da linguagem artística musical em crianças em idade pré-escolar e também no Ensino Fundamental.
Tais experiências produzidas em conjunto e em contexto de prazer e satisfação pela música e pela educação ajudam a disposição, o cérebro e outros órgãos do corpo, com ferramentas para conquistar seu futuro, construindo alternativas de comunicação na interação equilibrada entre a individualidade e o mundo exterior, enquanto que, uma vez que garante Bréscia (2003), “o homem não capta com ele o que é ensinado intelectualmente de fora sob a forma de coerção, mas somente o que se tem desenvolvido nele em forma não intelectual”.
CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA MUSICAL NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Compreende-se que o objeto de ensino vai além de esperar que as crianças adquiram conhecimentos e competências, ensinar corresponde a preocupar-se sobre o desenvolvimento da inteligência, levando em consideração sua evolução, fazendo-o gradualmente, compreendendo a individualidade da criança, como uma unidade de sentido, inteligência e moralidade.
Neste sentido, o termo desenvolvimento segundo Bréscia (2003, p. 105) é entendido como “um processo de reconstrução e reorganização permanente”, por conseguinte, a motricidade fina[2], coordenação, lateralidade, concentração e a relação espacial são habilidades que podem ser ativadas e desenvolvidas utilizando a música como um excelente recurso na educação. É assim que a música merece ocupar um lugar importante nos primeiros anos da educação para as crianças, pois, como se tem afirmado, por meio de som, o ritmo e as virtudes próprias da melodia e harmonia se favorece o impulso da vida interior e promovem as mais nobres faculdades humanas.
Por isso, é importante reconhecer e estudar toda a potencialidade que oferece educação musical a partir de pesquisas, como afirma Jeadot (1997), como a realizada na Universidade de Münster, na Alemanha, na qual foi estabelecido que os cérebros das crianças adquirem maior capacidade sináptica quando eles recebem aulas de música regularmente, as conexões neuronais vão aumentando em consequência de seu constante treinamento uma vez que deve processar os sons, sincroniza-los com a prática de um instrumento, concluindo que a área do cérebro responsável por analisar as notas musicais têm um 25% maior de atividade nos músicos que em outras pessoas às práticas musicais, isto não afirma a existência de uma área exclusiva encarregada de processos musicais, mas que a prática em relação a esta, fortalece o funcionamento do cérebro em geral.
Por outro lado, de acordo com Gainza (1988), as conexões neurais que permitem a concentração, habilidades matemáticas e a aprendizagem de línguas, são favorecidas pela audiência ou a prática da música; foi demonstrado que crianças expostas a enriquecedores ambientes musicais durante os três primeiros anos de vida, ter uma maior oportunidade para uma melhor aprendizagem em áreas como a matemática e as ciências em sua idade escolar. É necessário enfatizar a naturalidade das crianças de interagir com elementos da música, uma vez que em muitos é inata, pois desde os primeiros meses de vida um grande número de bebês mostra interesse especial em uma variedade de sons, conseguindo discriminar, por exemplo, intensidade, timbre e altura; habilidades que podem ser desenvolvidas.
Gainza (1988) diz ainda que através da educação musical ou, pelo contrário, perde-se em torno de 11 anos de idade, devido ao fato de que as atividades cerebrais perdem seu talento para fazer novas conexões neurais e, consequentemente, se minimiza as possibilidades de evolução em habilidades musicais, ao menos que se vale de outras capacidades intelectuais para substituir aquelas que não foram adequadamente estimuladas em seu tempo. Estes processos musicais mantêm ativos os neurônios no cérebro, fortalecendo a inteligência devido à simultaneidade do manejo de processos técnicos, lógicos e estéticos.
De acordo com Weigel (1888), o essencial em um recém-nascido é que seus cuidadores reconheçam o órgão auditivo como fonte de ricas e variadas sensações; desde então, gerar um ambiente rodeado por músicas, sonoridades, beneficia em vários campos para a criança. Argumenta que tais contribuições para o desenvolvimento da criança têm muito a ver com a forma como a mãe se relaciona musicalmente com ela, isto é, se a mãe canta ao mesmo tempo acompanhando com movimentos, se ouvem juntos melodias e se gera movimentos em seu bebê em relação com o que ouve.
Este autor ressalta que se em casa não houver nenhum tipo de hábito sonoro mais que rádio e televisão, é pouco provável que a criança para aprender a cantar e com maior dificuldade conseguirá sintonizar a canção infantil.
É importante infundir o ouvido virgem da criança com sons puros, agradáveis e variados, por sua vez fornecer diferentes timbres de forma de onomatopeica e procurar qualquer hora do dia para interpretar músicas, isso dará a possibilidade de se sentir satisfeito com suas próprias realizações sonoras. Posteriormente, já em idade pré-escolar, é importante fornecer a criança uma variedade de ferramentas e recursos; diversidade de jogos com palmas, rondas e músicas, discriminação e reconhecimento de sons, emissão de sons com o corpo, audição ou capacidades de escutar, de gestos e movimentos, dança, manipulação e utilização de elementos de sonoros ou instrumentos musicais
Sob estes espaços e oportunidades de sensibilização, percepção e expressão musical é possível estabelecer que os repertórios de aprendizagem que mais estão presentes dentro de exercícios e práticas musicais e, por conseguinte, podem ser desenvolvidos por estes, são: habilidades psicomotoras, atenção, memória, aptidão numérica, raciocínio abstrato e habilidades verbais.
Ante o exposto, é importante notar que a sonoridade do mundo, seu desenvolvimento contínuo e a existência de uma variedade de música, também pode gerar consequências nocivas que podem comprometer de maneiras diferentes nosso sistema auditivo ou simplesmente pode gerar os efeitos opostos aos apresentados acima, mas se faz um balanço dos aspectos positivos e negativos, pesa mais o primeiro que o último.
CONCLUSÃO
Este artigo teve como pretensão oferecer estudos bibliográficos sobre a algumas considerações que tem a música nos primeiros anos de vida da criança, principalmente na educação infantil pré-escolar que vai de zero a quatro anos de idade. Esta que é uma fase importantíssima na vida dos seres humanos em geral. Esta educação através da música, por sua vez, é importante porque pode afetar positivamente e beneficiar todos os planos de seu desenvolvimento (cognitivo, físico e emocional).
Além disso, de todos os benefícios que esta contribui para o desenvolvimento da criança é um elemento que atrai, transmite e permite expressar-se. Deste modo, produz um bem-estar e suscitando-lhe ao movimento e à dança, usando para todo seu corpo como meio de expressão. Sem considerar, ainda, o fato de que a música é uma das mais importantes manifestações culturais da humanidade.
É possível, assim, considerar alguns poucos exemplos da Educação Infantil, mostrando desta maneira que é possível trabalhar uma temática através da música, desenvolvendo todas as áreas do currículo e múltiplos conteúdos em relação ao projeto político pedagógico das escolas primárias. Tal desenvolvimento variado se dá na numeração, leitura e escrita, conhecimento do meio, distribuição de espaço, manipulação, criatividade, expressão corporal, canto entre outros, assim como se destaca e fomenta a participação das famílias neste tema tão importante que está presente e não muito praticado nas escolas que é a música na Educação Infantil da pré-escola.
Aceitando as contribuições da música na educação infantil é possível ampliar exemplos didáticos que permitam introduzir a formação integral da criança. Ao longo delas vão se iluminando os valores e pode-se perceber em que consiste ser criativo; também a prática pedagógica do professor, que aumenta suas possibilidades na formação deste pequeno aluno e por fim, na formação dos pesquisadores que são agentes responsáveis na teoria. Teoria esta que mais adiante se transformam em práticas de aprendizagens formidáveis.
REFERÊNCIAS
BERNAL, Vázquez, J. Didática e a Música: a expressão musical na educação infantil. São Paulo: Coutrix, 2000.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3 ed. São Paulo: Summus, 1988.
GOMES, M. Dias. A Educação Musical. Artimed: São Paulo, 2011.
GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Musicalizando a escola: Música, conhecimento e educação. São Paulo: Escrituras, 2006.
JEADOT, N. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Spicione, 1997.
LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. Campinas, SP: Papirus, 2003.
MUNHOZ, J. R. O Jogo na Educação Musical e a Didática da Música. 2003. Revista de Educação e Pesquisa Pedagógica. Disponível em: <https://uvadoc.uva.br/betstriarrrsi/335677/1105/1/TYHW-B.55.pdf> Acesso em: 14/09/2018.
NOGUEIRA, M. A. A música e o desenvolvimento da criança. Revista da UFG. Goiás.vol.5, n.2, dez. 2003. Disponível em: < http://www.proec.ufg.br/ >. Acesso em: 14/09/2018.
PALÁCIOS, Paniagua G. Resposta Educativa à Diversidade: Educação Infantil. Rio de Janeiro: UFRG, 2011.
ROSA, Nereide Schilaro Santa. Educação Musical para a Pré-Escola. São Paulo: Ática,1990.
SNYDERS, George. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: Cortez, 1992.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de música. Porto Alegre: Kuarup, 1988.
[1] A palavra onomatopeia [do gr. onomatopoiía, pelo lat. onomatopoeia] é uma figura de retórica que consiste na imitação aproximada entre o som de uma palavra e a realidade que a mesma representa. A palavra tenta imitar, pois, o som natural da coisa significada. Traduz ruídos, gritos, a “voz” dos animais, o som de máquinas, a voz humana, expressão de alguns sentimentos (dor, riso…), o barulho que acompanha os fenômenos da natureza, instrumentos musicais, etc. A onomatopeia é uma aproximação sonora – nunca uma reprodução exata -, aproveitada em prosa ou verso como recurso estilístico. É um recurso de construção (formação) de palavras. Além de usada na fala informal, é usada também na forma escrita (textos, poemas, diálogos), principalmente nas histórias em quadrinhos e tiras de humor. Em geral as onomatopeias não têm uma grafia de rigor. A grafia é maleável. Ex: atchim / atxim / atchin. Disponível em: http://www.kathleenlessa.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=2696589%20 Acesso em: 14/09/2018.
[2] Motricidade fina é a capacidade para executar movimentos finos com controlo e destreza (por exemplo, usar uma tesoura ou um lápis). Esta capacidade traduz-se na escrita, no desenvolvimento harmónico da parte grafo-motora. A motricidade fina é uma das competências chave a ser desenvolvida desde tenra idade. O desenvolvimento desta competência possibilita, à posteriori, bons resultados na escrita e na matemática. Algumas crianças com dificuldades de aprendizagem ou com autismo, por exemplo, poderão ter de trabalhar de forma mais específica para melhorar esta competência. Rasgar, recortar, utilizar o barro ou a plasticina, pintar, etc., fomentam o desenvolvimento infantil e a criatividade, melhorando consideravelmente a motricidade fina. Disponível em: http://educamais.com/o-que-e-motricidade-fina/ Acesso em: 14/09/2018
Edson Savegnago – Graduado em Letras; Graduado em Pedagogia; Pós Graduado em Musicalização Infantil; Facilitador de Meditação; Instrutor de Yoga; Mestre Master Reiki; Idealizador do Projeto Reiki para Crianças e o Projeto em Paz – Criança que medita, Desperta fica.